Freeski, o esqui que inspirou-se no snowboard
Cortesia: Newschoolers.com – Freeskiers: Markus Eder – Foto: Joris Blanc
Recém tive a oportunidade de abordar de leve as principais diferenças entre o esqui tradicional e o freeski. Então, o conceito de freeski nasce no tardar dos anos 90, mas, no começo, não despertou muito interesse no mercado fortemente tradicionalista do esqui, que após um longo período de recessão causado pela escassez de inovação que há muitos anos estava caracterizando o setor, tanto a nível industrial que das competições, estava vivenciando um verdadeiro renascimento com o inovador conceito de esqui carving: um esqui com um shape mais acentuado que permite curvar na neve com mais precisão e controle, aportando ao esquiador uma experiência de descida mais rápida, divertida e segura. Mas a crise pré-carving do setor estimulou a busca por novos desafios também no setor mais freestyler do esqui. Os atletas de disciplinas como o esqui estilo livre ou esqui acrobático, influenciados também por um novo esporte invernal que a pouco tempo estava invadindo as neves com materiais, infraestruturas e manobras de freestyle totalmente inéditas: o snowboard, estavam querendo inovar/elevar o próprio estilo quebrando conceitos e limites impostos tanto pelos obsoletos materiais técnicos quanto pelas regras presentes nas competições oficiais . Este primeiro fronte revolucionário chamou-se de “newschool” e logo no começo foram fortemente contrastados pelas restritivas leis estabelecidas pela International Ski Federation (FIS)… nas competições de mogul (uma das disciplinas de esqui freestyle), por exemplo, estava proibido completar as manobras aterrissando de costas/switch e a quantidade de rotações tinham um limite imposto pelo regulamento… vale a pena ressaltar que na época, considerando os materiais a disposição, estas medidas eram tomadas especialmente por questões de segurança. Então os newschoolers, insatisfeitos e contrastados pela FIS, encontraram nas estruturas presentes nos snowparks o terreno ideal para desenvolver progressivamente este novo conceito de esqui elevando-o aos impressionantes níveis de hoje. De newschool passou-se a usar um novo termo que exprime perfeitamente o conceito base deste novo esporte invernal: freeski, esqui livre de regras e limitações.
Em 2007 a Association of Freeskiing Professionals (AFP) iniciou oficialmente a manter um ranking de pontuações reconhecido a nível mundial para as disciplinas de halfpipe (HP), slopestyle (SS) e big air (BA) e este esporte iniciou finalmente a sair do amadorialismo para ser conduzido de forma profissional. Tecnicamente os freeskiis diferenciam-se do esqui tradicional por serem mais largos (estabilidade), apresentam uma construção twin tip (ponta e calda iguais e muito acentuadas) e, para ter prestações mais freestylers, o camber é geralmente de tipo invertido (diferença entre os tipos de cambers…)
Hoje é possível encontrar freeskiers tanto em backcountry quanto nos snowparks, mas também em situações urban, clássico território de skaters e snowboarders, que desfrutam do mobiliário urbano para divertidas sessões de jibbing (rails, boxes, jumps…)
Freeskier: Xavier Bertoni – Foto: Christian Stadler
Em abril do 2011 o International Olympic Committee (IOC) incluiu oficialmente as disciplinas freeskiers de halfpipe (HP) e slopestyle (SS) nos próximos jogos olímpicos de Sochi 2014 e recém a FIS aceitou colaborar com a AFP no que se refere aos critérios de julgamento que serão adotados tanto pelas qualificações quanto durante os Jogos de Sochi 2014. Espero que esta inédita e bastante surpreendente colaboração possa contribuir a natural progressão deste jovem esporte invernal e, apesar ser um snowboarder, gosto muito do freeski: considero as manobras muito massa e artisticamente mais estilosas e complexas e torço para que esta colaboração FIS/AFP possa também impulsionar uma maior visibilidade/interesse por parte das mídias globais.
PS: …mas pegar powder só com prancha mesmo, já pratiquei com os dois…agora pratico somente com uma 😉
Mais detalhes e infos sobre os Newschoolers AQUI, enquanto sobre os rankings da Association of Freeskiing Professionals (AFP) procurar AQUI.
Pingback: Simon Dumont: A Decade Of Freeskiing Progression | Flashback sobre a evolução técnica do freeski | Snowaddicted Brasil